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sábado, 3 de março de 2012

SEJUS NÃO CONSEGUE "GERAR VAGAS" PRA PRENDER TODOS POBRES DO ESPIRITO SANTO

02/03 - 20h48
Superlotação transforma Centro de Triagem de Viana em 'cadeião'
Vinícius Valfré

Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
Apesar da construção dos Centros de Detenção Provisória no Espírito Santo para contornar a crise que abateu Estado diante da superlotação, o problema ainda persiste em algumas unidades prisionais. A realidade do Centro de Triagem de Viana mostra que a solução é uma equação difícil de solucionar a curto prazo.
         
Nesta sexta-feira (02), 450 presos provisórios - que ainda não foram julgados - ocupavam um espaço com capacidade para 168 detentos. Em uma cela do "isolamento", planejada para ser ocupada por uma única pessoa, havia nove presos. Em outra cela, com capacidade para seis internos, pelo menos 20 detentos se amontoavam à espera de transferência e de julgamento.



Um agente penitenciário de 42 anos que não será identificado diz que a situação era muito pior no mês passado. Segundo ele, o presídio chegou a abrigar 610 presos e a superlotação torna o ambiente ainda mais inseguro.
foto: Internauta anônimo
Presos amontoados em cela do Centro de Triagem de Viana. Cela para
 um detento é divido por nove presos
Celas projetadas para suportar seis presos comportam entre 18 e 24 pessoas no Centro de Triagem de Viana, denuncia agente penitenciário

"A sensação é de medo porque é muito preso por cela. A forma de trabalhar é complicada porque quando vamos tirar um preso da cela tem 20 dentro dela. A transferência lá é quase zero. A gente tenta transferir, mas não tem lugar mais para isso. E está sempre lotando, e ninguém toma providência", desabafa.

Ele teme que o centro de triagem tenha um final parecido com o da Casa de Custódia de Viana, presídio demolido em 2009 por causa de evidentes sinais de sucateamento e defasagem. "Se não tomarem nenhuma providência, tenho certeza que vai virar cadeião. O primeiro passo é isso aí, excesso de pessoas. Com isso, começam a se agravar vários problemas. Começam a quebrar, começa a ter transtorno. É o primeiro passo para se tornar um cadeião", opina.

A infraestrutura no local é das piores. As celas ainda precisam ser abertas manualmente, frisa o agente. "A cadeia é totalmente desestruturada, entendeu? Modernização lá passou longe: ainda tem cadeado, tem que abrir cela por cela, e é superlotado. Tem muita pessoa pra capacidade que comporta. O que me influenciou muito foi isso: o governo mostrava que tinha uma casa organizada, mas não é, pelo menos no Centro de Triagem não é", afirma.

foto: Internauta anônimo
Presos amontoados em cela do Centro de Triagem de Viana. Cela para
 um detento é divido por nove presos
Presos amontoados no Centro de Triagem de Viana. Cela para um detento é divido por nove presos

O agente penitenciário diz que cada cela tem entre 18 e 24 presos. Esses detentos passam 24 horas por dia juntos, dividindo um único banheiro. "Sem dúvida é desumano porque eles se alimentam em qualquer lugar, não tem atividade física, não tem nada. Na hora de ir no banheiro, tomar banho, deve ser muito complicada porque é esse monte de presos".

Pai de três filhos, o agente tenta trocar de emprego porque teme pelo pior quando está trabalhando. "Já pensei em desistir porque eu estou com medo. Tenho três filhos para criar, e eu posso sair de casa e morrer em uma rebelião. Estou sim pensando em outra coisa, arrumar um outro serviço justamente porque do jeito que está ali não tem como", afirma.

Antes de virar agente penitenciário, o servidor achava que o trabalho seria menos desgastante por causa dos anúncios de modernização do sistema carcerário capixaba. Depois de três anos no emprego, atuando no Centro de Triagem de Viana, se mostra decepcionado com a situação que encontrou no presídio.

"A conta não fecha"

O secretário estadual de Justiça, Ângelo Roncalli, confirma que o Centro de Triagem de Viana está superlotado, mas nega que a situação seja a mesma em outras cadeias provisórias e que houve apenas a transferência da superlotação. Segundo ele, a situação dos DPJs da Grande Vitória, há três anos, não pode ser comparada com a de nenhum dos novos presídios do Estado.

Para ele, o principal motivo da superlotação é o fato de entrar mais presos no sistema carcerário do que saem. Desde 2004, 26 unidades prisionais foram construídas no estado. Entre janeiro de 2011 e de 2012, 10.512 pessoas foram presas no Espírito Santo e 8.919 deixaram as prisões. Portanto, 1.593 presos a mais nas cadeias.

"Esse saldo já significaria a necessidade de construir mais três prisões. Nós temos aí uma equação que não consegue se igualar. É uma balança sempre assustadora. Entra mais presos do que nossa capacidade de gerar vagas", frisa.

Roncalli, no entanto, comemora a queda no percentual de presos provisórios de 67% para 40% da população carcerária, mas pretende derrubar o número para 35%, indíce correspondente ao da Espanha.

O secretário afirma que a tramitação de processos com maior agilidade e oferecimento de projetos de capacitação e educação nos presídios têm contribuído para a política de controle de presos que entram e saem do sistema carcerário. No entanto, a construção de novas vagas é inevitável.

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/03/noticias/cbn_vitoria/reportagem/1132198-superlotacao-transforma-centro-de-triagem-de-viana-em-cadeiao.html

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