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sábado, 2 de novembro de 2013

“Quero a minha filha de volta” - Mais uma da Vara da Infancia e Juventude da Serra


Evania Cardoso Silva descobriu ao sair da prisão que sua filha mais nova foi adotada enquanto ela cumpria pena em Cariacica

Uma mãe sem um filho. É assim que se sente a faxineira Evania Cardoso Silva, 31 anos, que descobriu ao sair da prisão que a filha mais nova foi adotada enquanto ela cumpria pena na extinta Penitenciária Estadual Feminina, em Tucum, Cariacica.
A ex-detenta disse que não autorizou a adoção e nem foi intimada para depor no caso e que por isso suspeita de irregularidades no processo. “Eu sou mãe dela. Quero minha filha de volta, pelo menos ver, ter um contado. Pelo menos durante alguns finais de semana”, disse chorando.
Evania – que atualmente está grávida de 6 meses e tem outra filha de 9 anos – contou que quando foi presa, em 2008, a filha mais nova tinha 1 ano e 2meses e ficou na casa de uma cunhada. Na época, a cunhada estava grávida e não poderia ficar com a criança por causa da condição financeira. Hoje a menina tem 6 anos.
“Procurei a assistente social do presídio, que me ajudou a ver se alguém da família poderia ficar com a minha filha. Mas ninguém podia por causa da condição financeira.” Foi então que a cunhada conseguiu um casal do Estado para ficar com a criança, segundo Evania. “Disseram que era guarda provisória e que quando saísse da cadeia ia poder ficar com aminha filha. Assinei o papel de guarda provisória, mas não foi o que aconteceu.”
Ela contou que em 2009 recebeu a visita de um oficial de Justiça com papéis para assinar. “Ele disse que se eu não assinasse minha filha seria mandada para o conselho tutelar e falou que eu tinha 10 dias para recorrer.Mas nunca fui ao fórum e não tive audiência sobre a adoção.”
Evania afirmou ainda que quando foi para o regime semiaberto, dois anos depois, procurou pela filha e descobriu que ela havia sido adotada pelo casal e mudado de sobrenome.“Cheguei a entrar em contato para saber se poderia pelo menos ver minha filha durante os finais de semana, mas a mãe adotiva não permitiu.”
O advogado de Evania, Antônio Fernando Moreira, disse que aparentemente há irregularidades no processo de adoção. “Parece que o processo foi feito formalmente, mas há aparentes irregularidades no caso. É muito estranho a mãe biológica não ser ouvida no processo, mesmo presa isso deveria ter acontecido.”

Mãe adotiva diz que adoção é legal

A mãe adotiva da filha da faxineira Evania Cardoso da Silva, uma dona de casa de 47 anos, disse que toda a adoção foi feita dentro da lei. “Fiz tudo dentro da lei. Não roubei e nem comprei minha filha de ninguém. Segui todos os passos e levei o pedido à Vara da Infância e Juventude”, afirmou.
A dona de casa pediu para que nem ela e nem a criança fossem identificadas para preservar a integridade da criança. Ela disse que houve uma audiência em 2009, quando a menina tinha 2 anos de idade, mas que a mãe biológica não compareceu e nem mandou ninguém. “Me lembro muito bem no dia, que todos nós ficamos esperando ela aparecer e ela não compareceu. Quando chegamos havia algumas pessoas e até pensei que ela tinha mandado alguém da família, mas não foi ninguém.”
A dona de casa disse que por ela permitiria a visita da mãe biológica, mas a família, o marido e os filhos mais velhos não concordam.
“Sou mãe e imagino o que ela esteja passando, mas minha família não concorda que ela venha visitar. Acho que assim é melhor para não confundir a cabeça da menina. Ela tem só 6 anos”, disse.
A mãe adotiva disse que tinha medo que algo assim pudesse acontecer. “Quando estava conversando com a Evania para ficar com a criança queria poder ajudar a família com uma cesta básica ou alguma coisa, mas fiquei com medo de que no futuro ela dissesse que eu comprei a criança. Por isso, não fizemos nada com advogado, fomos direto ao juiz. Não sou rica, meu marido é pescador, crio meus filhos humildemente e não fiz nada de errado. Tenho todos os papéis”, declarou a dona de casa.
Ela disse que não contou para a filha adotiva que Evania estava presa. “Disse que ela tinha viajado, para não fazer uma imagem ruim da mãe biológica. Tenho um respeito muito grande pela Evania e já recebi as avós da minha filha em casa.”
O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-ES) foi procurado no final da tarde de ontem para responder sobre o caso. Mas a assessoria informou que por causa do horário não seria possível acessar o processo.

EVANIA CARDOSO DA SILVA - MÃE BIOLÓGICA
 Evania afirma que a menina foi adotada sem seu consentimento quando cumpria pena na prisão.
A TRIBUNA – Por que você foi presa?
EVANIA – Tenho vergonha de falar disso, mas fui presa por portar drogas (abaixou a cabeça). Estava desempregada e desesperada porque não tinha o que dar de comer para minha filha e fui mexer com coisa errada. Hoje me arrependo muito e mudei de vida.
> Quando foi presa, com quem sua filha ficou?
Ela ficou com minha cunhada, irmã do pai dela que já tinha morrido. Mas ela não podia ficar com minha filha porque estava grávida e não tinha condições. Então arranjou esse casal que foi no presídio e pediu a guarda provisória da menina. Como minha família não podia ficar, eu assinei os papéis. Eles prometeram que quando saísse eu poderia ver a minha filha, mas não aconteceu (chorou).Quero minha filha de volta, quero o direito de falar, ver a minha filha.
> Foi intimada para depor no processo de adoção?
Não. Nunca fui ouvida nessa ação, nem sabia o que estava acontecendo. Fiquei sabendo só quando saí e fui procurar por ela. Liguei para a mãe adotiva e ela disse que não poderia ver a minha filha. Falou que agora ela é dela. Pensei em ir até a casa deles, pois tem o endereço no processo, mas achei melhor para mim e para minha filha tentar resolver de outra forma.
>Você tem mais filhos?
Tenho uma menina de 9 anos, que ficou com minha irmã quando fui presa. Mas ela não poderia ficar com a mais nova também porque já tinha os filhos dela. Depois que saí da prisão, visito sempre ela. Aprendi uma lição.
> Hoje está trabalhando? Acha que tem condições de reaver a guarda da menina?
Aprendi muita coisa lá em Tucum, fiz um monte de curso. Hoje estou desempregada ainda, mas faço faxina em alguns lugares, estou levando minha vida direito. Sei que não tenho muito dinheiro, mas ela é minha filha!
Queria pelo menos a oportunidade de me aproximar dela. Mas, a família adotiva não me autorizou. Procurei um advogado para poder me ajudar a pelo menos ver a minha filha, que hoje tem 6 anos.

Reportagem de Lorrany Martins - Jornal A Tribuna, 01 de novembro de 2013 - Pagina 12.

Um comentário:

  1. Penso que situações como esta é necessário muito prudencia e cautela para analisar e opinar. Não pode ser tratado simplesmente como um jogo e tomar partido na torcida. Todas as partes envolvidas devem ser confrontadas de forma direta e objetiva, mas com sensibilidade.

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