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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

PMs acusados de assassinar Pedro Nacort vão a novo júri popular nesta quinta-feira


No dia 20 de junho de 1999, um infortúnio marcaria para sempre a vida de Maria das Graças Nacort. Na noite daquele domingo, seu filho, Pedro Nacort Filho, seria executado com 22 tiros disparados à queima-roupa no Centro de Vitória. Os suspeitos pelo assassinato eram dois policiais militares: Erivelton de Souza Pereira, o Diabo Loiro, e Jeferson Zambalde Torezani. A partir daquele dia, Maria das Graças tomaria para si não somente a sua luta, mas a de centenas de outras mães que, como ela, também buscavam justiça como um alento para aliviar uma dor que não tem fim: a dor de perder um filho.
Logo em seguida, para dar voz a essa luta, que passaria a ser coletiva, Maria das Graças funda a Associação de Mães e Familiares Vítimas da Violência (Amafavv). Nesta  quinta-feira (3), a mãe e militante tem a segunda chance de ver a justiça ser feita no caso Pedro Nacorti.
 No primeiro júri, em maio de 2009, depois de dois dias de julgamento, os jurados “entenderam” que não havia provas suficientes para incriminar os policiais. “Aquilo foi um golpe muito duro para mim e para todas as pessoas que me apoiaram nesses anos todos. Tínhamos plena certeza de que as provas eram claras. Eu sonhava em ver os policiais saindo do fórum algemados. Durante dez anos eu sonhei com essa imagem. Na hora acontece tudo ao contrário. Não dá para explicar. A decepção foi muito grande”.
Maria das Graças não desistiu. Contestou o júri no Ministério Público Estadual, que recorreu e o Tribunal de Justiça anulou o julgamento, determinando que fosse realizado novo júri popular, que acontece agora na próxima quinta (3). “Vi, mais uma vez, que a gente não consegue nada na vida sem esforço. Fiquei sabendo que é a primeira vez que o Tribunal de Justiça do Espírito Santo anula um júri a pedido de uma mulher”, disse Maria das Graças, orgulhosa do feito alcançado.
O crime
Pedro, na época do crime, aos 26 anos de idade, morava com a mãe num apartamento na rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória. Era flanelinha, tinha disritmia cardíaca e tomava remédios controlados. A mãe dedicava-lhe intensos cuidados por conta da doença. Maria das Graças já alertava o filho para que tivesse cuidado com a polícia, que costumava fazer abordagens violentas no Centro.
 No dia do assassinato, Pedro saiu de casa pouco depois da meia-noite para comprar cigarros e não voltou. Maria das Graças ouviu seguidos estampidos que pensou serem fogos de artifício. Cerca de 15 minutos depois, policiais a chamaram pelo interfone do prédio para reconhecer o corpo do filho, atingido com 22 tiros, oito deles no rosto.
Maria das Graças, na sua luta incansável por justiça, investigou, reuniu provas e acabou descobrindo o envolvimento de uma mulher com quem Pedro havia rompido um relacionamento dez dias antes do crime, e chegou ao nome de quatro PMs. A investigação identificou pelo menos uma arma do crime, que pertencia, de acordo com o exame balístico, e a um dos policiais.
As evidências, as provas técnicas e as contradições apresentadas pelas testemunhas de defesa dos policiais não foram suficientes para “convencer” o júri, que, segundo Maria das Graças, foi intimidado pelos policiais.
A militante lembra que no dia do primeiro julgamento, numa clara tentativa de intimidação, uma grande quantidade de viaturas e policiais do GAO (Grupo de Apoio Operacional) praticamente cercou o Fórum, embora a segurança judiciária não faça parte de suas funções. Maria das Graças conta que os PM Erivelton faz parte do GAO. “Ele foi promovido após o assassinato do meu filho.”
Erivelton já respondeu e foi absolvido por três homicídios na Vara de Auditoria Militar. Somente após a Lei Federal 9299/96 é que os homicídios praticados por policiais militares passaram a ser julgados pelo Tribunal do Júri.

José Rabelo
Foto capa: Nerter Samora 

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